quinta-feira, 4 de julho de 2013

Quando o jardim se une a piscina


Em diferentes regiões do país, na cidade, na praia ou na serra, paisagistas renomados concebem jardins com piscina que reforçam nossa identidade tropical e incorporam outras referências. Em comum, a ideia do lazer absoluto junto à natureza. Nesta matéria selecionamos oito ambientes externos de tirar o fôlego, para inspirar nossos leitores a investir também no ócio bem projetado. Conheça os nossos bons paisagistas e os pequenos paraísos que eles são capazes de criar!
  (Foto: divulgação)
Com aura de hotel, por Daniel Nunes

A piscina, de 20 x 40 m, estava degradada. Coube ao paisagista Daniel Nunes pensar a reforma da área de lazer da fazenda de café próxima a Campinas, SP. “A ideia foi fazer a releitura de uma piscina de hotel, oferecendo a mesma gama de serviços e com os apoios à altura da sua escala”, sintetiza. Para combinar coma piscina enorme, o jardim estético, funcional. De um lado, gazebos em forma de cubo (estrutura de metal revestida de pele de cumaru) e chaises, e, de outro, canteiros trabalhados com topiaria. Há também um diálogo entre chaises, gazebos e bancos de cimento, amarelos, de desenho orgânico. “Uma homenagem às formas modernistas de arquitetura”, revela. Daniel preservou o quanto pôde as palmeiras nativas, acrescentando espécies como viburno, azaleia, íris, murta e pata-de-elefante. “Todas a uma distância considerável da piscina para não interferir na visão ampla da obra”, ressalvou.
  (Foto: divulgação)

Versão praiana de paraíso, por Alex Hanazaki

É um jardim trabalhado há anos pelo paisagista Alex Hanazaki, hoje em meio à terceira reforma na casa de Ilhabela, no litoral paulista. “A aposta foi o tropicalismo, organizado com dedo oriental”, diz Alex. Entre as espécies, destaque para os pândanos, que servem de escultura na área de lazer, delimitando níveis – das piscinas e do deque de estar, com chaises para contemplar a paisagem. Alex projetou as piscinas de modo a aproveitar o declive do terreno – o spa está instalado acima do espelho-d’água, seguido pela piscina de 1,40 m de profundidade, todos revestidos de pastilha verde da atlas. Em outro patamar do jardim, próximo às pedras e ao mar, o deque com mesas parece servir de palco à ikebana natural, o chapéu-de-sol. “Deixei que o desnível de 8 m fosse camuflado pela natureza”, conta Hanazaki, que usou bromélias, costela-de-adão e palmeiras como “enfeite”.
  (Foto: Renato Elkis)
Europeu com viço tropical, por Gilberto Elkis

A casa de linhas portuguesas, na Chácara Flora, em São Paulo, necessitava de reparos – a piscina, elíptica, não contentava o cliente. Para dar conta do trabalho, entraram em cena o arquiteto Ugo di Pace e o paisagista Gilberto Elkis. A piscina se tornou retangular e revestida de cerâmica azul, por escolha de Ugo. Quanto à vegetação, já existiam árvores de todas as idades no terreno, caso das palmeiras de 10 m de altura e das espécies de um bosque, nos fundos. Elkis adaptou a exuberância tropical ao estilo inglês de paisagismo. Buxos trabalhados com topiaria embelezam as margens da piscina, enquanto a borda molhada, nas laterais, ganha canteiros de guaimbê. Lavandas florescem em vasos de barro e orquídeas, nos troncos das palmeiras. As chaises de ferro, com almofadas azuis, são também sugestão do paisagista.
  (Foto: Fáustulo Machado)
Recriar o rio e a mata, por Rodrigo Oliveira

O paisagista Rodrigo Oliveira está habituado a encarar os pedidos de Isay Weinfeld. Desta vez, ele quis que fosse criada uma “mata” ao lado do espelho-d’água, que deveria remeter a um leito de rio. Nesta casa do Morumbi, em São Paulo, Oliveira concebeu um jardim “que dá a impressão de não ter sido imposto pela mão do homem”. Monocromático, com o charme das folhas de desenhos e texturas diferentes, tem parede formada de palmeira, manacá-da-serra, cássia-javanesa e quaresmeira, entre outras. “As plantas crescem e criam sombra sobre a piscina, intensificando o clima de mata”, diz. Revestida de pastilhas da Vidrotil, a piscina conta com deque e ofurô. Margeada por grama-esmeralda, apresenta um caminho de pedra caverna, referência ao conceito de “rio”. Em todo o terreno em declive, repetem-se as espécies tropicais, afora o bambuzal de 12 m de altura.
  (Foto: André Sá Gomes)
No tom da Bahia, por Alex Sá Gomes

É um prazer para o baiano Alex Sá Gomes fazer parceria com o conterrâneo David Bastos. “A arquitetura dele valoriza o trabalho do paisagista”, diz. Esta casa em Trancoso, BA, retrata esse entrosamento: arquitetura e paisagismo conversam segundo o “estilo tropical da Bahia, que aproveita as espécies nativas, como a palmeira-jerivá e a helicônia, e emprega a paisagem do entorno, caso da aroeira”. Neste projeto, grandes extensões do terreno (são 2 mil m² de jardins) mantêm-se limpas. A piscina, que Bastos desenhou de forma retangular, ganhou deque de cumaru e área de hidromassagem e sugeriu ambientações a Sá Gomes. É o caso da área destinada ao chuveiro, com cicas em vasos de terracota – em Trancoso, há muito sol e chuva para a saúde do jardim.
  (Foto: divulgação)
Sobre a metrópole, por Luiz Carlos Orsini

O trabalho paisagístico, na cobertura de 300 m² da Vila Nova Conceição, em São Paulo, ficou pronto no final de 2012. “Existia um jardim ‘vencido’, daí ter sido deitado abaixo”, conta o paisagista Luiz Carlos Orsini. O desejo do proprietário era ter uma área verde com apelo tropical. “Com folhagem, capaz de preservar a intimidade”, detalha. Em acordo como arquiteto Roberto Migotto (que assina a renovação interna e externa do imóvel, caso do projeto da piscina com spa), o paisagista criou a parede verde de 70 m² na lateral da piscina, com liríopes, trepadeira falsa-vinha e aspargos. Instalou ainda, em um canto dela, o espelho escuro que reflete o skyline. Dracenas arbóreas “camuflam” os prédios próximos, enquanto filodendros-xanadu margeiam a parede verde, contraponto ao preto do deque. Espaço surpreendente, no 20º andar.
  (Foto: Henrique Magro)
Moldura para o verde da serra, por Daniela Infante

O casal com filhos queria um generoso gramado em torno da piscina e um jardim contemporâneo nesta casa em Itaipava, na Serra dos Órgãos, RJ. “Dei preferência ao verde em lugar da cor, com espécies de fácil manutenção ao longo do ano”, salienta Daniela Infante, responsável pelo projeto paisagístico. Casa e piscina (revestida de pastilhas da Vidrotil e rodeada de placas de granito) são obras de Miguel Pinto Guimarães, arquiteto que explorou o terreno íngreme, implantando nos fundos a área de múltiplas funções a quase mil metros de altura. “Só a piscina está em uma laje 12 m acima do nível da terra, o que dá a sensação de proximidade das copas das árvores”, diz Daniela. A paisagista soube fazer da vegetação serrana a principal estrela ao acrescentar estrelítzias e dianelas, afora o pândano central.
  (Foto: divulgação)
Entre o descanso e o movimento, por Marcelo Belloto

Há um quê de onírico neste jardim em Camburi, litoral norte paulista, acentuado pelo cortinado de voile que adorna as áreas de descanso sobre tablados, duas voltadas para a praia e uma no espaço da piscina. Tudo o que aqui se destaca é criação de Marcelo Bellotto, que se entende um “arquiteto de exteriores capaz de determinar o layout da piscina, as áreas de circulação e lazer, os jardins etc.”, como se descreve. Deste endereço, pertencente a um hotel, ele reconstruiu a paisagem nativa no terreno de ligeiro declive com coqueiros, helicônias, jasmim-manga e chapéus-de-sol, a caminho da praia. Criou opções de bem-estar, propondo ora relaxamento, com os tais bangalôs, ora movimento, por meio de piscinas de diferentes profundidades. Desenvolveu, ainda, materiais de textura e coloração adequadas ao projeto, caso do piso de concreto que recorta a grama-esmeralda.

Fonte: Casa Vogue